No dia 20 de julho de 2009 aconteceu a terceira edição do evento Women in Information Technology (
WIT) como parte integrande do XXIX Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (
CSBC). O evento foi coordenado pelas professoras Claudia Bauzer Medeiros (UNICAMP) e Karin Koogan Breitman (PUC-Rio). O evento contou com três palestras e um painel para discussão das questões de gênero na Tecnologia da Informação.
A primeira palestrista foi Yolanda Mangolini - Manager for Talent & Outreach Programs da Google. Yolanda dividiu sua palestra em quatro partes: 1) o que é diversidade, 2) porque o foco em diverside tem se tornado tão importante e tão desafiador, 3) diversidade como uma estratégia de negócio e 4) diversidade na Google. Abaixo estão alguns dos principais pontos apresentados para cada uma das quatro partes.
- Yolanda classifica a diversidade em 3 camadas que formam um círculo. Na camada 1 , a mais interna do círculo, está a diversidade com relação a etnia, raça e gênero. Na camada 2, a camada do meio, está a diversidade com relação a experiência de trabalho, localização geográfica, educação e renda. Na camada 3, a mais externa, está a diversidade relacionada a função da pessoa dentro do organização. Com isso ela mostra que não só as mulheres, mas todos fazem parte da diversidade.
- Na segunda parte da palestra, Yolanda focou no baixo número de mulheres na Computação e também em cargos de gerência. Segundo ela, nos EUA 56% dos formandos em cursos superiores são mulheres, sendo que na computação esse número cai para 20% e para 14% quando considera-se apenas as universidades mais importantes do país. Ainda conforme os números apresentados por ela, no Brasil, o número de formandas em Computação na década de 80 era de 45% e hoje em dia não passa de 10%. Outro dado interessante apresentado por Yolanda trata de um estudo que indica que se até os 12 anos de idade a criança não se interessa por ciência é muito provável que ela não se interesse mais tarde. Por isso da necessidade de se divulgar a ciência entre as crianças. Sobre o número de mulheres em cargos de gerência, Yolanda ressalta que embora as mulheres constituam metade da força de trabalho nos EUA, elas ocupam apenas entre 4% e 8% dos cargos de gerência. Dado esse cenário, Yolanda diz que a Google quer entender o motivo destes números e descobrir como aumentá-los. Segundo ela, nos EUA as mulheres controlam 83% das compras em geral e 66% das compras em tecnologia e, portanto, precisam estar envolvidas no desenvolvimento dos produtos.
- Quando fala da diversidade como estratégia de negócio, Yolanda cita como exemplo a IBM. Segundo ela, a IBM foi a primeira empresa a se preocupar com esse assunto. No início, essa preocupação incluia apenas os negros, mas atualmente já inclui todos os outros tipos de diversidade. Como resultado da política de diversidade, a IBM conseguiu aumentar seus lucros de 10 milhões para 300 milhões em 2001 e de 370 milhões para 1.5 bilhão em 2003. Segundo Yolanda, para a Google, diversidade é importante não apenas porque é a coisa certa a se fazer, mas também porque é bom para os negócios. Os clientes da Google estão espalhados por todo o mundo e, portanto, é importante que seus funcionários reflitam essa diversidade. Ela usou uma analogia interessante para descrever essa idéia: se você coloca um monte de quadrados azuis juntos, como resultado você tem um quadrado azul. Mas, se você mistura quadrados, triângulos, círculos, etc. de cores diferentes o resultado é uma figura muito mais interessante.
- Na última parte de sua palestra, Yolanda destacou os diversos programas desenvolvidos pela Google para aumentar a diversidade na empresa, entre eles: programas para atrair crianças para a computação, bolsas voltadas para mulheres participarem em eventos técnicos, redes de mentores e eventos para desenvolvimento profissional para os funcionários.
Nas próximas postagens discutirei as outras duas palestras e os assuntos discutidos no painel.