Networking Networking Women

Hoje participei de um café-da-manhã com mulheres pesquisadoras na área de redes de computadores. O evento aconteceu durante o Globecom (Global Communications Conference) em New Orleans nos EUA e foi organizado por uma brasileira, que faz doutorado na França, com o apoio do grupo Networking Networking Women.
O objetivo desses encontros que acontecem em diversos eventos na área de redes de computadores é fazer com que mulheres que compartilham do mesmos interesses e enfrentam os mesmos obstáculos se conheçam para trocar experiências e criar conexões que possam resultar em diversos tipos de cooperação.
Conheci mulheres incríveis de diversas partes do mundo e discutimos desde assuntos relacionados com nossos tópicos de pesquisa até como balancear a vida profissional e particular.
Se você é uma estudante da área de redes veja neste link como organizar um desses eventos. Em troca você ganha uma bolsa, além da experiência de organizar um evento e conhecer pesquisadoras senior na sua área. Uma ótima oportunidade é solicitar a bolsa para o INFOCOM 2009 que acontecerá no Rio de Janeiro!

The ABCs for ABDs: Tips for Working Your Way through Dissertation to PhD

All-But-Dissertation (ABD’s) faz uma referência aos estudantes no último estágio do doutorado. Neste painel, que aconteceu durante a GHC 2008, 1 doutora e 3 futuras doutoras discutiram tópicos como:

• como trabalhar com o orientador(a);
• gerenciamento do tempo;
• atitude positiva;
• perseverança;
• motivação.
  

Uma delas, por exemplo, fez estágio, casou-se, começou a trabalhar em tempo integral, teve um filho e (Ufa!) terminará o doutorado esse ano. Ela se intitulou uma APD: All-Plus-Dissertation!
A platéia participou da discussão fazendo várias perguntas, dando depoimentos e sugestões de como enfrentar esse período de doutorado.
Os slides apresentados e várias outras dicas estão aqui.
Uma das fontes de informação que gostei muito foi a webpage chamada Survival Skills, em especial a parte sobre motivação.
Bom proveito e boa sorte!

Você já ouviu falar de Fran Allen?

Fran Allen, pioneira da pesquisa em informática, é a primeira mulher a receber o título de fellow da IBM, o mais alto grau de reconhecimento científico da companhia, e a primeira mulher a receber o Prêmio Turing (2006) , concedido pela ACM e conhecido com o Nobel da computação.

Durante sua palestra na GHC2008, Fran Allen contou um pouco da sua trajetória. Ela iniciou sua carreira como professora de matemática em uma escola do estado de Nova Iorque. Depois de fazer mestrado em matemática, foi contratada pela IBM, em 1957, para ensinar FORTRAN aos engenheiros. Ainda no final dos anos 50 e no início dos anos 60, ela participou de dois importantes projetos dentro da IBM, o STRETCH e o HARVEST, responsáveis por importantes avanços nas áreas de hardware e compiladores.

Fran Allen também falou sobre o que espera para o futuro:

• ver uma nova geração de mulheres experimentar toda a empolgação que ela sente pela área de computação;
• ver mulheres criando um ambiente de trabalho que atenda suas necessidades;
• ver a Computação se tornar uma ciência de interesse para mais mulheres;
• ver a meta de Anita Borg ser atingida: 50% de mulheres na Tecnologia de Informação em 2010;
• ver outras mulheres receberem o Prêmio Turing.

É claro que eu não podia perder a oportunidade de tirar uma foto com ela :-)

"The Imposter Panel" (GHC2008)

Este painel foi apresentado por 5 mulheres com altos cargos nas empresas/instituições em que trabalham. São elas: Kori Inkpen (Microsoft Research), Maria Klawe (Harvey Mudd College), Mary Czerwinski (Microsoft Research), Tiffani Williams (Texas A&M University), Tessa Lau (IBM Almaden Research Center).

Eu já havia sentido todos os sintomas da "Síndrome do Impostor", mas até então, não sabia que esta era uma "doença" diagnosticada :-) Os principais sintomas são:

• sentimento de que os outros são mais capazes do que você;
• sentimento de que você é uma fraude e não merece estar onde está;
• sentimento de que a qualquer momento seu chefe/orientador e colegas vão descobrir que você não é tão capaz quanto eles acreditam ser.

A melhor parte deste painel foi descobrir que eu não estou sozinha! A sala estava lotada de impostoras :-) As painelistas listaram algumas situações em que elas se sentem impostoras:

• em situações novas, principalmente quando elas têm que fazer coisas que "pessoas de sucesso" fazem ou que mulheres não fazem com frequência;
• quando são convidadas a assumir responsabilidades para as quais não se sentem qualificadas;
• quando estão rodeadas por pessoas mas experientes;
• quando elas vêem outras pessoas trabalhando mais do que elas.

Elas também deram dicas de como conviver com esta síndrome:

• acredite em si mesma e nas suas qualidades. Lembre-se de seus sucessos, não de suas falhas, e orgulhe-se deles. Lembre-se de como era a sua vida 5 ou 10 anos atrás, de todas as coisas que aprendeu e tudo o que conquistou;
  
• haja de forma confiante, mesmo quando não se sente confiante;
• conviva com pessoas que lhe dão suporte e que acreditam em você;
• trabalhe duro, mas também divirta-se!
• aceite desafios (com riscos calculados);
• aceite a auto-desconfiança como parte de quem você é. Esse sentimento nos mantém humildes e nos ajuda a ajudar os outros.
  

A Dra. Tiffani Williams fez o seguinte comentário: "Sou eu quem construo minha própria experiência". Ela disse que ninguém nunca disse que ela era uma impostora, era ela quem dizia isso para si mesma. Então, ela decidiu parar de dizer isso e, desde então, sua auto-confiança tem aumentado!

As 3 lições da sessão "Recession-proof your career" (GHC 2008)

Nesta sessão, Jo Miller, CEO da Women’s Leadership Coaching Inc., apresentou dicas valiosas para impulsionar a carreira:

1) Trabalhe menos! A primeira reação de todas as presentes foi "O quê?". Parece não fazer sentido, mas a lógica é a seguinte: ao trabalhar duro, você só atrai mais trabalho, entretanto, isso não aumenta sua visibilidade dentro da sua organização. Você deveria usar de 5 a 10% do seu tempo para "networking", para construir relacionamentos importantes e que lhe darão maior visibilidade.

2) Crie um plano para construir sua rede de relacionamentos: crie uma tabela com 2 colunas. Na primeira coluna coloque "quem" (com quem você quer construir uma relação) e na outra coluna coloque "como" (como você irá contruir essa relação). Tendo metas e possíveis formas de alcançá-las, você se sentirá mais comprometida com o objetivo final: criar uma rede sólida de relacionamentos. Um exemplo dessa tabela seria:

Quem	Como
João	convidar para um café
Maria	entrar para o grupo de vôlei
José	participar das reuniões do grupo X

3) Crie e pratique o seu "comercial de 30 segundos": você deve ser capaz de criar uma boa primeira impressão em 30 segundos. Você pode estruturar o seu comercial da seguinte forma:

1. Seu nome
2. Posição dentro da organização/Marca pessoal (você é boa em quê?/conhecida pelo quê?)
   
3. Eu sou responsável por/especializada em X, Y, e Z
4. Procure-me se você precisar de A, B, ou C.

Para obter mais informações sobre o que foi apresentado veja este wiki.

Grace Hopper Celebration of Women in Computing 2008

Gostaria de compartilhar com vocês a experiência maravilhosa que tive na primeira semana de outubro participando do evento “Grace Hopper Celebration of Women in Computing”. Este evento voltado para mulheres na área de tecnologia é organizado pelo Instituto Anita Borg e um dos seus principais objetivos é prover um ambiente onde as mulheres possam fazer contatos que poderão resultar em cooperações, oportunidades de trabalho e, porque não, novas amizades.
O ambiente neste evento é incrível. Embora eu tenha ido sozinha, não me senti isolada em momento algum. Todas as participantes (1500 no total), sejam elas estudantes, professoras, ou mulheres com altos cargos em empresas de sucesso (como por exemplo, Google, Microsoft, Intel, Sun, Cisco, entre outras) são extremamente receptivas e abertas para compartilhar suas experiências.
Outro foco deste evento é o recrutamento. Diversas empresas montaram “stands” onde era possível obter informações sobre as oportunidades de trabalho e estágio, entregar o currículo em mãos para um recrutador e, claro, pegar vários “souvenirs”.
Além de sessões para apresentação de trabalhos técnicos, o evento oferece uma variedade de painéis e palestras sobre assuntos variados e de interesse para mulheres na área de tecnologia. Abaixo estão alguns exemplos:

Resume clinic: nesta seção as participantes tiveram a oportunidade de ter seu currículo avaliado por recrutadores das grandes empresas de computação. Como sou da área de redes de computadores, escolhi uma recrutadora da Cisco. Ela deu dicas incríveis para melhorar meu currículo e, além disso, agora já tenho um contato dentro de uma das maiores empresas na área de redes de computadores!

The Imposter panel: você já se sentiu uma impostora em algum momento da sua vida profissional ou acadêmica? Sentiu que não merecia estar onde está, que os outros são mais capazes que você, que um dia seus colegas, chefe ou orientador iria descobrir que você não é tão capaz quanto parece? Bom, eu já senti tudo isso e aparentemente não sou a única. Essa foi uma das seções mais concorridas (e divertidas) de todo o evento e foi ótimo ouvir de mulheres que são grandes líderes na empresa ou intituição em que trabalham, que ainda hoje elas se sentem impostoras em alguns momentos.

Transforming yourself into a technical leader: 5 mulheres líderes na Cisco, Intel, IBM, Google e Microsoft responderam questões como: quais as habilidades necessárias para se tornar uma líder, qual a diferença entre líder e gerente, como desenvolver sua influência e impacto dentro da organização.

What is a PhD good for? Thoughts from New(er) Grads: nesse painel com mulheres da Microsoft e de importantes universidades dos EUA discutiu-se sobre a escolha da carreira após ou doutorado em Ciência da Computação, a transição do meio acadêmico para a indústria ou para uma posição dentro da universidade, os desafios de seguir para um emprego voltado para pesquisa ou desenvolvimento.

Esse é um pequeno exemplo do que o evento oferece. O programa contava com 40 sessões diferentes por dia. Caso alguém tenha interesse em saber mais sobre o que foi discutido, inclua seu comentário ou inicie um novo post no fórum da nossa comunidade no Orkut. Você também pode acessar o blog do evento para saber o que aconteceu em cada uma das sessões.

Bom, além das sessões, o evento fornece café-da-manhã, almoço e jantar, e, nos dois últimos dias, festa com direito a DJ e muita animação. Vocês imaginam o que é 200 mulheres dançando Macarena? :-)

É claro que para nós brasileiras, parece ser difícil participar deste evento devido aos custos. Mas a boa notícia é que eles oferecem bolsas que cobrem todos os custos e, pelo que conversei com as organizadoras do evento, elas gostariam muito de aumentar a participação das brasileiras. Então, no próximo ano, espero que possamos montar um grupo para participar. Quem tiver interesse entre em contato comigo para que possamos nos organizar. Garanto que esse é um evento que vai ter um impacto enorme na sua vida, assim como teve na minha!